O sol inunda meu rosto
já cansado de tanta labuta...
em meu velho barco, sigo a mesma sina:
jogo minha rede, buscando o pão de cada dia que vem das águas grandes
Sigo pelo grande rio que banha minha alma de pescador
oro a Nosso Senhor - em silêncio, para não espantar o peixe
hoje já nem tem tanto peixe...
nunca mais vi pescaria farta!
no tempo das enchentes, ainda se via muito cramataí, piau, jundiá,
bagre, acary... Ih, era de dar gosto!
Hoje os peixes rarearam...
o Paraguaçu já não é mais o mesmo...
o vapor que navegava no mar, hoje só navega nas minhas velhas lembranças...
quando em vez, dá uma tristeza, tão doída...
daquelas que dão um nó na garganta e o sujeito nem consegue falar...
Aí, dos olhos marejados da gente, escorre uma lágrima doce e salgada, como as águas do Paraguaçu.
Saudades daquele tempo!
O tempo passou com a ligeireza das águas e meus olhos não viram!
As águas do tempo...
As águas do tempo levaram minha mocidade mas não levaram minha esperança!
Sem esperança, a gente é barco naufragando nas profundas águas da tristeza.
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