sábado, 24 de setembro de 2022

E NO CAMINHO, UM IPÊ-BRANCO...

Espaço-tempo

Verso uno

Asas

Brasília, ontem de noite

Norte

De manhã, Brasília

Sul

Universo cidade

E essas pessoas, todas, de tantos lugares, meu Deus!

De onde vão?

Para onde vem?

Passos passam depressa

nessa busca por uma subjetividade diplomada

Passos...

Ora passam solitários

Ora passos solidários

Eu as vejo

Eu sinto

muito

tanto

que me vejo passar

em outras tantas pessoas

sonhos-eixo, frustrações de em torno, medos-piloto, conquistas satélites

saudades de quem?

De quando?

Saudades de onde?

Quero ir para casa, descansar

num sábado à tarde, qualquer...

Mas, não há casa para descansar

Só o acaso, o ocaso das horas e uma pressa de poder passar o tempo em algum espaço

que caiba o meu relógio, os meus livros,

a arara onde penduro utopias-roupas com as quais visto os meus dias,

a ora-pro-nobis que o Pedrão me deu, , minhas expectativas,

o rádio, os meus segredos patéticos que ninguém quer saber, minha caneca do inter

e o que sou...

O que sei? O que tenho?

Mochila pesada

Dor nas costas

Eu lavo muita louça

Mazelas, misérias...

Às vezes, lágrimas

As vozes, secas

no meu verso nu...

eu, no meio da rua

Será que chove hoje?