terça-feira, 27 de outubro de 2009

Para Ianê

Ianê, Ianê
Por onde andará você?
Corro louco pelas ruas
procurando por você

Ianê, Ianê
Em que paisagem foste se esconder?
Ou estás no mar,
no sol do entardecer?

Ianê, Ianê
Estou cansado de sofrer...
cinema, poema...
tudo me lembra você!

Ianê, Ianê
Onde está você?
Lágrimas escorrem do meu rosto
e você, cadê?

Ianê, Ianê
Angustia apressa o meu fenecer...
Grito repetidas vezes o teu nome
Mas não ouço ninguém responder

Rondônia na memória

Da janela, vejo um luar que me parece dizer adeus.
Sinto uma tristeza…
É melancólica essa fria noite que me invade as solitárias horas.
Meu peito se enche de pranto, com a força de um caudaloso rio que se perde no horizonte…
Meu coração é um barco, partindo de um porto velho para algum lugar distante…
A alma chora a despedida iminente. Meu Deus, que farei nessa hora?
Tua lembrança, doce Rondônia, me sangra sem piedade. Tudo é silêncio em mim.
Na memória, para sempre, essa minha imensa saudade da gente, da cor, do cheiro do amor rondando Rondônia…

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Palhaço Que Se Apaixonou Por Uma Estrela

Narrador (circunspeto como quem anuncia o fim de um sonho):
Era uma vez um palhaço, um bobo de meia tigela,
Que tolamente se apaixonou por uma estrela
Que numa fria noite, fitara de sua janela.

Palhaço (com um ar melancólico e triste, falando desde a janela do seu quarto de ilusões):
- Oh, estrela que brilha tão fulgurante e bela! Por favor, dá-me tua atenção um instante.
Talvez finde esta querela.
Sofro dia-a-dia, esperando a noite distante.
Dolorosa é minha espera... Morro de amor por ti, desde aquela noite fria que te fitei da minha
janela.

Estrela (fausta e gloriosa, fala com o desdém e ironia mordaz):
- Meu pobre palhaço triste! Que pensas estar fazendo?
Como podes dizer que por mim, de amor estás morrendo?
Sou dos domínios de cima, pertenço à corte celestial
e você - pierrô infeliz, que triste sina! - és tão somente um simples mortal.

Palhaço:
- Bem sei alta estrela, que valsas no domínio cósmico.
Mas não acredito, radiante Dona, ser o amor que sinto algo ilógico.

Estrela:
- Palhaço petulante! Tua paixão lhe está roubando a razão, o comedimento.
Como ousas se apaixonar por esta filha do firmamento?

Palhaço:
- Perdão, princesa da noite, pela ousadia deste insano.
Mas não posso guardar em meu peito esse poderoso sentimento humano.

Estrela:
- Lamento, homem mortal, mas minha resposta final é não.
Pertenço à alta noite, habito a expansão.
Não podemos sequer nos tocar: meu calor te consumiria.
Apesar dos elementos que nos unem, entre mim e ti, não há harmonia.
Os astros imploram por meu lume,
brinco com o sol da manhã, as nuvens de mim sentem ciúme.
Vago errante pelo universo, não tenho porto de chegada.
Por essas e outras razões, meu pobre palhaço, não posso ser sua amada.

Palhaço:
- Deus meu, que destino atroz para um palhaço! Mas que grande ironia!
Eu, que sempre converto tristeza doída em riso e alegria,
fui vitimado por um sentimento que nunca dantes imaginaria.
Ah! Doravante meu sorriso será arrefecido, minha lágrima será fria.
Por isso o palhaço se maquia: para esconder a dor, travestir a agonia de viver a solidão de
uma vida vazia.

Narrador:
E assim, respeitável público, fecham-se as cortinas e a luz se revela.
Termina a fantasia.Termina-se essa estória patética, melancólica e bela.
A história de um palhaço, um bobo de meia tigela,
Que ousou se apaixonar por uma estrela que numa fria noite, fitara de sua janela.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Uma flor para Cecília

Se Cecília fosse uma flor
que flor seria Cecília?
flor de amar, flor do mar, flor de maravilha?

Se Cecília fosse um flor
onde floriria Cecília?
Numa colina? Numa montanha? Ou numa perdida ilha?

Se Cecília fosse uma flor
que cor teria Cecília?
Teria cor de luz, cor de paz,
Cor de poesia idília!

Dores da Saudade

A casa está vazia...
Estou sentindo tanto a sua falta!
Sinto falta da sua companhia, das nossas conversas existenciais,
Nossos lanches na madrugada:
- Você tá comendo o quê aí, filho? Tá bom?
Ah, meu Deus! Como eu sinto falta de tudo isso!
Falta das suas mãos a me afagar
Falta do teu abraço, do teu riso solto,
Das tuas bênçãos, dos teus conselhos...
Estou me sentindo tão só, pai!
Tão desprotegido... Tão triste!
Sua ausência é um vento gélido
Que sopra em meu coração
A casa está tão vazia!
Vazia de você, pai...
Como dói essa saudade de você!

05:55h a.m.

Cai sobre mim a gélida madrugada
A noite já se foi...
Deixei de dar telefonemas
Esqueci de jantar
Fiquei vendo filme de amor bandido até tarde da noite
Tinha que ler o jornal. Esqueci.
Agora, o cantarolar dos pássaros matinais
Que anunciam o sonolento alvorecer
E o som de passos apressados:
Os que correm para alcançar o tempo perdido ontem.

Luísa

Vejo Luísa
Assim, de bermuda e camisa...
Deus do céu, que coisa mais linda!
Moleca, descalça,
Pisando menina a areia branca da praia...
Luísa é tão livre!
Livre e linda como o sol explodindo em luz
Ao beijar as águas do mar...
Ah, esse sol verdadeiro!
O sol e a brisa que acaricia os cabelos de Luísa...
Me invade uma alegria de criança
Ao ver essa imagem que se eterniza em meu olhar
Sinto a brisa do amar tocar meu rosto
Ou seriam as mãos de Luísa?

O AVAL DA CARNE

Uma grande rua vazia
Silêncio de manhã de domingo... Acabou.
Tudo é miséria
Tudo é dor
Mas, pouco importa!
No carnaval ninguém é triste: é folião!
Pierrôs e Colombinas, fantasiando a realidade
com o eclesiástico aval da carne: vale carnal...
Passaporte para a momesca euforia
Linda, grandiosa festa e efêmera,
como as carnavalescas juras de amor eterno:
- Me beija!
- Me liga!
- Qualquer dia desses a gente...
Carnaval é ingênua e fugaz alegria de bêbado beijoqueiro
Orgasmo etílico
Patética alegria...
Triste alegria...
Desesperada alegria...
O carnaval é incêndio cênico de cores e luzes doidejantes,
Fogo de angústia e êxtase
Que termina cinza, na quarta-feira.

Sexta, 00:28h

Era melancolia de uma chuvosa manhã cinza
Era vazio de fim de festa
Era saudade de alguém distante
Era solidão e tristeza de domingo acabando
Era medo da velhice solitária
Era alguém falando ao telefone:
notícia de morte abreviando a juventude
ou essa dor de cabeça que me atormenta?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

QUEM SOU EU?

"Fujo ao cego lisonjeiro, que, qual ramo de salgueiro, maleável, sem firmeza vive à lei da natureza. Que, conforme sopra o vento, dá mil voltas, num momento. O que sou, e como penso, aqui vai com todo o senso, posto que já veja irados muitos lorpas enfurnados vomitando maldições, contra as minhas reflexões. Eu bem sei que sou qual grilo, de maçante e mau estilo; e que os homens poderosos desta arenga receosos hão de chamar-me tarelo, bode, negro, mongibelo; porém eu que não me abalo. Vou tangendo o meu badalo com repique impertinente, Pondo a trote muita gente(...)"

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Ada, uma canção

Irmã, amiga
querida Ada
Eis aqui um singelo poeminha
a lembrar-te o quanto és amada

Menina grande
mulher pequenina
Fé menina, Ada

Um olhar que enternece
Um sorriso que afaga

Amada, querida
Ao mesmo tempo séria e engraçada

Inefável maravilha!

Numa hora inteligível
numa outra, complicada!

Que confusão divertida é essa minha amiga Ada!

Ada chora, é sensível...
Mas também é gargalhada!

Forte, generosa, poderosa.
Na verdade, sempre amparada
Quando está indignada, quem pode calar Ada?!

Doce, amável, sincera
Flor singela e delicada
Que empresta perfume e cor
À domingueira manhã ensolarada

Para sempre seja, amiga querida,
Linda e densa como a vida.
Que o Pai Jeová lhe bendiga, irmã amada!
Que faça tua fulgurante luz, infinda!
Seja eternamente abençoada, Ada.

A Drummond, Itabira

O sol que brilha em Itabira não se vê em outo lugar
É um sol mineiro, prazenteiro
que diz "bom dia!" como quem quer abraçar
Peço a Deus, em prece solene
que um dia possa voltar a Minas, a Itabira,
a boa gente que vive lá:
Chico Brito, Dona Rita, Nhá Francisca, Seu Osmar...
Meus entes queridos, vizinhos, amigos:
album afetivo, familiar.
Tantas histórias, casas antigas... Meu pensamento a redourar
As vezes me dói uma tristeza...
Que faz o coração soluçar!
Uma dor que dói verdadeira, com uma melancolia mineira
que não tem como explicar
Quero voltar a Minas! A Itabira, quero voltar
Minhas memórias cruzam as esquinas
brincam com suas brejeiras meninas
vagando pelas ruas do meu olhar
Hei de rever o sol da minha terra: beleza igual não há!
Quero voltar a ser criança, quero dormir e sonhar
com as quitandas de itabira:
Doce saudade desse meu lugar.

O Paraguaçu No Pescador

O sol inunda meu rosto
já cansado de tanta labuta...
em meu velho barco, sigo a mesma sina:
jogo minha rede, buscando o pão de cada dia que vem das águas grandes
Sigo pelo grande rio que banha minha alma de pescador
oro a Nosso Senhor - em silêncio, para não espantar o peixe
hoje já nem tem tanto peixe...
nunca mais vi pescaria farta!
no tempo das enchentes, ainda se via muito cramataí, piau, jundiá,
bagre, acary... Ih, era de dar gosto!
Hoje os peixes rarearam...
o Paraguaçu já não é mais o mesmo...
o vapor que navegava no mar, hoje só navega nas minhas velhas lembranças...
quando em vez, dá uma tristeza, tão doída...
daquelas que dão um nó na garganta e o sujeito nem consegue falar...
Aí, dos olhos marejados da gente, escorre uma lágrima doce e salgada, como as águas do Paraguaçu.
Saudades daquele tempo!
O tempo passou com a ligeireza das águas e meus olhos não viram!
As águas do tempo...
As águas do tempo levaram minha mocidade mas não levaram minha esperança!
Sem esperança, a gente é barco naufragando nas profundas águas da tristeza.

Areia, no meu pensamento

Quando eu tiver que ir embora
e o adeus tiver seu momento,
que farei, nessa hora,
se meu peito encher-se de lamento?

Quando não mais pensares em mim,
Que seja eu apenas lembrança e esquecimento
Saiba que, até que venha o fim,
Guardarei tua imagem aqui dentro

Quando eu tiver que ir embora
A saudade de ti me virá como um vento
A Areia da Paraíba me invadirá a memória
Terei, enquanto viver, Areia no meu pensamento.

De tarde

Quem me dera pra sempre esse pôr-do-sol!
Quem me dera fosse essa tarde infinda
como tua imagem na memória da minha retina
Tão linda...
Tenho medo da noite que te rouba de meus braços
e me deixa assim, tão só...
Um cheiro, uma música, um poema...
Ah! Quem me dera esse pôr-do-sol fosse eterno!

Chorinho da Madrugada

Seguindo pela madrugada,
rondo na escura noite
à procura do brilho do amor
nos olhos da minha amada:
em seu pensamento, terei morada?
vadio á luz do luar.
desmaia sobre mim a alvorada.
apaixonado, sonho acordado...
as vezes me vejo só,
caminhando noite à dentro
com ela no pensamento, seguindo pela madrugada.

Menina Nanda

Nanda gira o sol na varanda
Brinca, canta, roda ciranda no jardim da palavração.
Nanda é linda, é cheia de graça. Por onde passa semeia canção.
Brinca, canta, roda ciranda,
caminha, pára e gargalha bem no meio do Salão.
Nanda é bonequina engraçada:
desconcentra a multidão
Brinca, canta, roda ciranda,
encantando a criação.
Nanda é cunhantã morena,
estrela brônzea em expansão.
Brinca, canta, roda ciranda
Transforma poesia em emoção
Nanda é pequena, ainda não sabe
mas, quando vai embora
deixa um vazio de saudade e solidão...
Ah! Mas quando volta, traz de volta a cor e a luz da imensidão
Brinca, canta, roda ciranda,
qual benfazeja brisa, na ensolarada face do verão
Nanda menina
Menina Nanda: divertida confusão
Mel moreno da mais linda flor
que perfuma a vida de amor em sagração
Nanda é bem-aventurada.
Caliandra encantada, orvalhada em efusão
Brinca, canta, roda ciranda na varanada do meu coração.

Só A Alma Brasileira Sabe O Que É Saudade

Saudade é um trem correndo fugidio, para longe,
cada vez mais distante da estação em que um dia desembarcamos.
É um punhal de prata que dilascera e sangra nosso peito: dor fria e melancólica...
Saudade é o vento, levando de assalto cartas repletas de sentimentos,
para um céu qualquer, de uma cidade distante...
É a certeza nos olhos de que lágrimas de tristeza escorrerão, brilhantes e cálidas, no nosso rosto,
quando nostálgicos cheiros fragrantes nos invadem a memória.
Saudade é essa força furiosa e irreverente
que muda nossas convicções e certezas com o pragmatismo do balanço das horas.
É morrer um pouco, sofrida e docemente...
Saudade é uma lácia paroxítona sonora,
cunhada no âmago da alma brasileira,
cuja ressonância, ecoa nos corações espalhados pelos quatro cantos do mundo
onde houver alguém que sinta o que é amar, em bom português.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Doralice, uma canção.

Para a querida Doralice, a alegria de Cuiabá-MT

Doralice, sorriso encantado
que brilha como um sol dourado,
rindo celeste no céu de Cuiabá.

E essa luz que principia
Em todo lugar que Doralice está?
Vem das águas dos rios? Da floresta? Da serra?
Do luar?

Só sei que Doralice encanta tudo e a todos
Com um encanto que vem do fundo da alma
e resplandece tudo o que há.

Doralice é poesia, é cheiro verde de alegria,
É festa de cantoria,
É cantiga de ninar.

Saudades de Cabaceiras do Paraguaçu

Dizei-me vós, ó Poeta da Liberdade!
Dizei-me vós, o que fazer
Com essa dor, com essa saudade
Que entristece meu viver.

Quisera Deus me conceder
Saber fazer poema ou canção
Talvez findasse esse sofrer
Que me invade o coração

Eis que sou um pobre mortal
Um homem mediano
Não tenho o dom divinal
De poetizar o sentimento humano

Que saudade dos amigos que fiz:
Flores juvenis que perfumam minha memória
Grandes descobertas de uma Expedição feliz,
Patrimônio da minha vida, Patrimônio da minha história.

Em Cabaceiras do Paraguaçu,
Onde nasceu o Poeta Condoreiro
Há um barco que navega azul
Sob um vigoroso sol que brilha forte, verdadeiro.

Nas grandes águas de um caudaloso rio
Navega o barco do meu pensamento
E lágrimas num rosto frio
Escapam-me a todo o momento

Os abraços, os sorrisos, as andanças...
Quantas alegrias, nessa cidade vivi!
Vi brotar sementes de esperança
Nos corações de criança dos que lá conheci

Amigos de Cabaceiras da poesia,
Minhas singelas palavras querem te dizer
Que até findar a luz do meu dia,
Essa breve ventania que é o viver,

Ah, Cabaceiras! Guardar-te-ei na memória da saudade
Enquanto a chama da vida em meu peito arder
Jamais esquecerei essa cidade
Cabaceiras do Paraguaçu: hei de amar-te até morrer.

ANDAR AÍ, EM IGATU

Garimpando a saudade encontro lembranças diamantinas
Lapidadas pelo tempo, pelas pessoas, pela natureza.
No alto da serra, há uma loca onde mora o desejo de voltar a Andaraí.
Andar pelas ruas de Igatu: caminhos de pedras e sentimento...
Me banhar na água boa que purifica o ser e conduz a lugares idílios,
Onde pedras memoriais nos contam histórias de homens e mulheres
Que enfrentaram fome, sede, feras perigosas como o tempo,
Como o sol que arde, escaldante, no céu da chapada.
Caminhar por entre ruínas e sonhos...
Andar nas pedras, subir a serra,
Ir andar... Andar aí!
Entrar na toca do morcego
Exorcizar meus medos e segredos
No alto da serra, ouve-se um som de anjos celebrando a vida
Do céu azul-poesia vieram as pedras
que adormecem meninas, na paisagem de Andaraí.

Amar em silêncio

Te amo em segredo
Te amo em silêncio, solenemente
- Psiu!
Meu amor fala baixo: tem medo de te acordar
Meu amor é um sonho ingênuo
Como o sorriso de criança
que brinca no parque de areia
num domingo de sol, de manhã.

Ausência

Lua se vai...
Um samba melancólico e doce perfuma as ruas vazias
Solidão...
O orvalho que molha meu rosto, são as lágrimas da noite, querendo ficar um pouco mais...
A noite é brincante e pueril
O tempo é um sopro. Palavra fugaz,
inconstante, como tua presença em meu caminho.
No fenecer da noite, a única certeza é tua imagem na memória da minha retina
e essa saudade menina, que se recusa a dizer boa noite
e dormir.

Ondina da Saudade

Ondas pequeninas
que te levam e te trazem
na cadência oceânica...

De onde ela vai?
Para onde ela vem?

Ondas meninas... ondinas
Salgadas e mornas são as águas do mar de Ondina.
São as lágrimas de tristeza
que não me deixam te esquecer...
Na praia de Ondina, mareja a saudade
Meus pensamentos são as ondas
que me molham de você.