quinta-feira, 14 de julho de 2022

Crime Perfeito



Numa tarde mole dessas, de inverno

Na praia, um encontro combinado 

Você sentado na areia, capacete ao lado

Ali, na praia vazia de gente, mas, de silêncio marejado

Parado

Você, sozinho: de solitude acompanhado

parado

Na mão, uma cerveja... Não me vês. Sim, embora eu te veja

Parado

Olhando para o mar...

Parado

Esperando um por-do-sol num espaço-tempo espraiado

Parado

(Distante...)

A poesia sorrateiramente chega. Para, atrás de ti e apunhala o instante.

Pelas costas, num gesto inesperado, um golpe breve

E você, obnubilado pelo ocaso, soçobra em pensamento: será que algum dia viveu antes de morrer de amar?

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