Espaço-tempo
Verso uno
Asas
Brasília, ontem de noite
Norte
De manhã, Brasília
Sul
Universo cidade
E essas pessoas, todas, de tantos lugares, meu Deus!
De onde vão?
Para onde vem?
Passos passam depressa
nessa busca por uma subjetividade diplomada
Passos...
Ora passam solitários
Ora passos solidários
Eu as vejo
Eu sinto
muito
tanto
que me vejo passar
em outras tantas pessoas
sonhos-eixo, frustrações de em torno, medos-piloto, conquistas satélites
saudades de quem?
De quando?
Saudades de onde?
Quero ir para casa, descansar
num sábado à tarde, qualquer...
Mas, não há casa para descansar
Só o acaso, o ocaso das horas e uma pressa de poder passar o tempo em algum espaço
que caiba o meu relógio, os meus livros,
a arara onde penduro utopias-roupas com as quais visto os meus dias,
o rádio, os meus segredos patéticos que ninguém quer saber, minha caneca do inter
e o que sou...
O que sei? O que tenho?
Mochila pesada
Dor nas costas
Eu lavo muita louça
Mazelas, misérias...
Às vezes, lágrimas
As vozes, secas
no meu verso nu...
eu, no meio da rua
Será que chove hoje?