segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Consistência Negra


Na poética ancestral

a inspiração para reinventar a vida me encontra

A cada passado-presente, meu poema reúne fragmentos diaspóricos da alma,

lágrimas, sentires em liquefação,

sangue - gotas de orvalho da carne,

pingando minha vida no solo da memória do sentimento.

Meu negro coração singra em mar aberto,

Sangra

navega em meus versos atlânticos a nau negra da minha alma

Negra
Sopra o vento da memória nas velas do meu sentipensamento

Negro
E o que guarda os porões dessa nau?

Sonhos perdidos

Traumas
Memórias exulcerantes

Escolhas
Abraços desfeitos

Saudades
Silêncios represados

Medos
Amores silenciados

Para onde quero ir?

Quem sou mesmo, agora?

O que quero aqui?

Encontrar a humanidade da minha negritude

Negra cosmopercepção de mundo

Quando o corpo exige libertação

A lágrima-semente germina sonho

O orvalho-ferida amanhece esperançar,

A voz se verte em grito

como quem parte, pela necessidade atávica da liberdade,

deixando para trás tudo o que dói e, sem malas ou dúvidas,

segue viagem rumo ao futuro ancestral.